A Associação Brasileira de Ensino de História (Abeh), o Fórum de Docentes de História da Rede Federal de Educação Profissional (FORDHIFs) e a Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil), apresentam seu descontentamento frente ao formato do Programa “Partiu IF”, articulado entre Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação e o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (CONIF), que visa preparar jovens concluintes do Ensino Fundamental das redes públicas de ensino para se inserirem nos Institutos Federais, via processos seletivos existentes destinados aos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio. 5co61
Apesar do “Partiu IF” apresentar-se como uma política pública de inclusão social, destinada especialmente à jovens em vulnerabilidade social (negros, negras, indígenas, jovens de periferia dentre outros), a propositiva mantém as raízes neoliberais da meritocracia – via a concorrência excludente dos seletivos. Por outro lado, o programa não propõe atuar enquanto nivelamento educacional que venha superar os possíveis déficits de aprendizagem na vida escolar do aluno, para evitar futuras evasões e retenções ao longo da verticalização nos estudos.
Outro agravante no Programa “Partiu IF” é a exclusão da oferta dos saberes da grande área de Ciências Humanas, que culmina com a exclusão da participação dos docentes de História dos editais em trâmite nos Institutos Federais. Tal ação, alinhada com a recorrente redução da carga horária dos cursos técnicos e a aplicação do EaD na formação geral dos discentes, especialmente na área de humanidades, podem gerar um declínio qualitativo do currículo e uma desvalorização de determinadas áreas do saber, além de contribuir para o aguçamento da crise dos valores democráticos e dos direitos humanos em nossa sociedade.
A exclusão da área de humanidades do Programa “Partiu IF” não dialoga com os princípios da formação integral e omnilateral presentes na Rede Federal de Educação Profissional e não respeita os componentes curriculares da área e seus educadores que trabalham nos Institutos Federais. É preciso que o Ministério da Educação e os gestores articulados no CONIF garantam a qualidade educacional dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio construída nos últimos 15 anos e, para isso, o caminho é garantir a formação integrada dos nossos estudantes resguardando a valorização de todas as áreas do saber e seus respectivos educadores(as).
Abeh, FORDIFs e ANPUH-Brasil, março de 2025.
